sexta-feira, 27 de junho de 2008

Regresso a Casa


É quando acorda com os olhos postos no mar que a alma lhe trás à memória a eternidade dos seres que respiram ao ritmo do amor. Levanta-se, colhe a fruta da árvore, senta-se na areia e saboreia a frescura daquela maçã. Passam quinze minutos, o tempo suficiente para sentir os paladares que brotam da terra, ao natural, tal como devem ser as emoções.


Caminha de cabeça erguida e sorri por saber que desconhece o chão que pisa. Faz-lhe bem a imprevisibilidade da vida, gosta de sentir que no final tudo fará sentido e que nada é vivido por acaso. Pega na prancha e corre em direcção ao início do mundo. A água fria acorda-a para as prioridades de uma existência que sabe poder escolher a toda a hora. Deixa-se levar pelo balanço das ondas do mar, que abraça todos os dias, e agradece a benção de estar viva. Observa o voo da gaivota, sente o sol queimar-lhe a pele, passa a língua pelos lábios cheios de sal...é assim que gosta de viver, presente em cada momento, atenta aos sinais que renovam energias universais.


O mantra que a acompanha tem como mestre o ruído emitido pela pássaro que todos os dias a acorda à mesma hora. Já aconteceu sentir-se tentada a guardá-lo, mas intui que é na liberdade que se encontra a essência das coisas. Ouvir o chilrar dá-lhe forças para acreditar que todos os sonhos são possíveis de alcançar, que querer muito é poder, que é na simplicidade dos dias que aprendemos a ser felizes. Ela sabe que a vida lhe traçou um plano que será cumprido com o rigor que o seu livre arbítrio desejar. Ao inspirar, recorda as palavras sábias de quem a educou – “Luta por aquilo em que acreditas, dedica-te a transformares os sonhos em realidade”. Ao expirar, escreve estas palavras que mais não são do que despejos genuínos de uma alma que apenas quer ser feliz.

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