segunda-feira, 23 de junho de 2008

Quando a resposta parece tardar


Hoje é o momento de chorar, libertar dores de um passado que muitas vezes carregamos como um fardo invisível que nos pesa a alma. Não somos Seres fruto de um qualquer acaso resultado da teimosia de um único espermatozóide, entre milhões que tentam a sua sorte. Fazemos parte de uma complexa rede de interligações geracionais que remota a séculos e séculos de hábitos, crenças, equívocos, comportamentos e muito medo injectado nas veias.
As nossas células têm gravadas na memória um amontoado de "não faças isso", "isso é pecado", "se não fores uma menina bonita o papão mau come-te o nariz", "não deves confiar em ninguém", "a Terra é o centro do Sistema Solar, e quem disser o contrário vai conhecer o inferno". Já para não falar das centenas de anos em que a Igreja, e instituições com o mesmo fim, manipularam civilizações através do medo.
Que espaço nos deixam para que cada um pense por si? Lembras-te de alguém te ter ensinado a questionar a ordem vigente? Não precisamos de recuar à tão apregoada era da inquisição, onde o Ser era punido por heresia. E o que significa esta palavra, que nos tempos de hoje se esconde atrás da máscara da democracia? "Heresia vem do grego haíresis e significa escolha. É heresia a escolha contrária ou diferente de um credo ou sistema religioso. A palavra pode referir-se também a qualquer "deturpação" de sistemas filosóficos instituídos, ideologias políticas, paradigmas científicos, movimentos artísticos, ou outros."
As pessoas iam para a fogueira (hoje em dia têm depressões e cancros), só porque faziam uma escolha diferente ao que algo ou alguém instituía como correcto. E aí de quem ousasse usar a bela da cabeçinha para elaborar outras possibilidades de ver o mundo. Galileu tem algumas coisinhas a dizer sobre isto...e todos nós sentimos literalmente na pele, e na saúde, as consequências de não ousarmos Ser. Sermos mais verdadeiros connosco, sermos seres individualizados e com capacidade de acrescentar algo de novo ao mundo.
Somos educados a não questionar. Diria mesmo que à pala desta filosofia muitos de nós nem sabe que sabe pensar. E por aqui seguimos uma vida inteira de "sim, eu faço isso só porque preciso de ser aprovado por ti e porque tenho medo que deixes de gostar de mim se eu não quiser estudar a treta que a professora de história me tenta impingir todos os dias."
Medo, medo e ainda mais medo. E como se combate este monstro que poucos ousam desmascarar? Li algures que um dia o medo bateu à porta, o amor abriu e ninguém estava lá.
Quando a resposta parece tardar, nós driblamos a herança que nos coube com a única coisa que é real: amor por nós, amor pelo mundo, amor pelo Cosmos. Amor, amor e ainda mais amor. Sejamos corajosos, porque nos cabe também honrar a herança divina que muitos seres nos deixaram. A escolha é nossa. :)

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